Não gosto de ti.
Olho-te nos olhos e vejo sonhos roubados, noites de sono atiradas pela janela e muitas lágrimas.
Não gosto de ti porque tens a cara e o corpo da minha frustração.
Porque me levaste memórias que queria construir e porque fizeste um trabalho que era meu. Meu, meu, meu.
Alimentaste por mim o meu bebé.
E eu não gosto de ti, por muito que ele possa ter precisado de ti. Por muito que ele possa, ao contrário de mim, ter gostado de ti.
Não gosto e ansiei por este momento desde que abri, lavada em lágrimas, a primeira lata, desde que fiz, destruída, o primeiro biberão.
Tão não gosto de ti que dizer que não gosto de ti é curto. Odeio-te, na verdade.
Hoje choro e rio ao mesmo tempo.
Não passas de uma caixa vazia e vais para o lixo.
É sem pena que me sirvo do que tens para oferecer pela última vez.
É sem pena que me desfaço do que resta de ti pela última vez.
O meu filho já não precisa de ti. Finalmente.
Já eu… Nunca te quis nas nossas vidas.
Adeus. Até nunca.